Está cada vez mais difícil combater as drogas, principalmente entre os jovens. Muitas pessoas falam, falam, falam... mas nada de concreto é realizado. É preciso sair dos discursos e dos projetos e partir para a ação. Afinal, como nos lembra o Novo Testamento, Jesus não ficou somente na pregação, mas mostrou através de gestos e atos que é possível modificar o mundo, basta arregaçar as mangas e partir para a concretização daquilo que pensamos.
Muito gente vai dizer que é preciso mais ação da polícia. Logicamente, os policiais são necessários para combater o narcotraficante. Mas a ação policial somente não vai resolver o problema dos nossos filhos, expostos aos mais diversos apelos da idade, da publicidade e do próprio grupo (ou tribo) em que vivem. Quando os policiais chegam, eles encontram outro local para se reunir.
Outras pessoas dirão que sem dinheiro não dá para fazer nada. Outro engano. Erradicar a violência das escolas, por exemplo, custa, por mês, o equivalente a uma caixa de lápis de cor. Com investimentos de R$ 4 a R$ 6, por aluno, e muita disposição de pais e professores, é possível afastar a insegurança, acabar com as depredações e ainda reduzir os índices de homicídios entre jovens que moram perto das instituições. É o que garante a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) que apóia um programa que mantém as escolas abertas durante os fins de semana, com atividades de lazer e recreação.
Aqui em Rolândia, há muito lugares que estão se transformando em pontos de venda e consumo de drogas. A praça da Igreja Matriz é um desses locais. Todas as noites, principalmente nos finais de semana, é possível ver jovens fazendo uso dos mais diversos entorpecentes. A praça está suja e tomada por gangues. Alguns pais e mães têm medo de passar por ali sozinhos e mais ainda quando estão com os filhos menores.
O medo não pode tomar conta da nossa sociedade. É preciso uma ação imediata que envolva vários setores: família, prefeitura, entidades de classe, escolas, educadores, empresas. A guerra contra a drogas é de todos e deve envolver a todos. Não adianta ficar falando, colocando culpa neste ou naquele. Ainda há tempo de salvar nossos jovens.
A situação do jovem no Brasil é grave. As principais causas de morte (70%) são devidas a fatores externos (homicídios, acidentes de trânsito e suicídios). Entre 1991 e 2000, a taxa de homicídio entre a população juvenil saltou de 66,5% para 98,8% por 100 mil mortos - índices bastante superiores aos de países em estado de guerra declarada.
É o mesmo que acontece nas cidades do Paraná, onde a maioria das vítimas de homicídio é jovem entre 16 e 24 anos de idade. E não adianta aumentar o número de policiais nas ruas. A presença deles é importante para dar segurança, mas não evita os assassinatos ligados principalmente ao tráfico de drogas. É preciso um envolvimento maior da sociedade, é necessário mais empregos e tudo aquilo que estamos cansados de saber.
Por que então não começamos com a abertura das nossas escolas (estaduais e municipais) que estão mais próximas dos bairros que têm pouca ou nenhuma área de lazer nos finais de semana? É um projeto que custa pouco e tem um retorno muito grande. Os números mostram que as escolas de Pernambuco, por exemplo, conseguiram melhorias de 83% nos casos de indisciplina, furtos e brigas entre os alunos, 66,7% nas ocorrências de uso de drogas e quase 100% nos episódios de vandalismo e depredação da escola. Isso reflete na sociedade como um todo, diminuindo o número de furtos, roubos e homicídios na região e, consequentemente, afastando o tráfico.
Em São Paulo, outros números importantes: diminuição dos índices de violência em 35% nas escolas estaduais de agosto de 2003 a agosto de 2004; apropriação, recuperação e manutenção do espaço físico escolar pela comunidade; resgate da convivência familiar na escola e ampliação dos horizontes culturais dos participantes; maior envolvimento dos educadores com os alunos e as questões escolares.
Se nestas grandes regiões metropolitanas, como Recife e São Paulo, foi possível diminuir o problema, por que em Rolândia não conseguiríamos?
Mas só a ação das escolas não basta. Além do envolvimento da prefeitura e do Estado, outros atores são importantes nessa empreitada contra o crime e as drogas. A família é fundamental. De que adianta dizer para o filho não fumar maconha, não cheirar cocaína, se o pai ou a mãe fumam o dia inteiro, um cigarro atrás do outro, e bebem até ficar bêbados? O cigarro e o álcool também são drogas, viciam, estragam as relações familiares e matam. E não adianta dizer que bebe e fuma “socialmente”. As crianças e os jovens não entendem assim.
Nossos jovens e nossas pastorais, que fazem reuniões em salas aconchegantes dos centros de pastorais, deveriam sair às ruas. Por que não fazer as reuniões de final de semana na praça da Igreja Matriz, na Vila Operária, na Vila Oliveira, no São Fernando e em outros locais onde há grande número de pessoas nas ruas nos finais de semana? Afinal, nosso objetivo maior não é evangelizar, levar a palavra de Jesus àqueles que mais necessitam? E onde estão estes necessitados? Estão nas ruas, precisando de uma mão amiga, de carinho, compaixão e, acima de tudo, de serem ouvidos. A oração é muito importante, mas sem a ação não serve de nada.