Quantas vezes já falamos ou ouvimos a frase acima? Algo que nunca deveria ser dito está se transformando em uma situação corriqueira. Para um pai ou mãe chegar a este ponto – “não agüento mais meu filho ou filha” – é porque alguma coisa deu ou está dando errada. E não adianta procurar culpados, porque estes somos todos nós: família, governantes, educadores, sociedade, etc.
Mas existe uma maneira de modificar esta situação? Algumas iniciativas, principalmente de escolas, mostram que sim. As pessoas mais preocupadas com o problema estão percebendo que transformar a escola em um ambiente de saudável convivência, onde se aprende mais do que o previsto no currículo básico, e para onde se pode trazer a família nos finais de semana, é uma boa receita para diminuir os índices de violência e vandalismo entre crianças e jovens.
Não me arvoro um especialista neste assunto, mas pretendo abrir novos caminhos para que possamos entender um pouco melhor como se pode combater a violência através de ações de paz.
Abrir as escolas nos finais de semana para a realização de oficinas de qualificação profissional, lazer, cultura, artes, esportes e saúde pode ser o caminho mais fácil e barato para diminuir a violência nas cidades. Onde o projeto foi implantado houve diminuição de 35% nos número de homicídios nas áreas próximas dos colégios.
A idéia é que profissionais da área da educação organizem atividades sócio-culturais, esportivas, de qualificação para o trabalho e desenvolvam ações preventivas na área da saúde, aproximando comunidade, escola, pais, filhos, alunos e professores.
Algumas das atividades que podem ser realizadas nas escolas nos fins de semana são: dança de salão, oficinas de artesanato, jogos esportivos e cursos rápidos de informática, panificação, entre outros.
Aí vem a pergunta: quem vai dar esses cursos? Em São Paulo, existe o projeto Bolsa-Universidade. De um lado, o aluno sem recursos, oriundo da escola pública, consegue fazer uma faculdade. Do outro, o Programa Escola da Família, passa a contar com educadores qualificados nas atividades desenvolvidas nas escolas nos finais de semana. Uma idéia simples, mas muito eficaz.
Graças ao projeto Bolsa-Universidade, iniciado em 2003, 28 mil ex-alunos da rede pública de São Paulo têm a possibilidade de prosseguir seus estudos no Ensino Superior. É muita gente: as três universidades estaduais paulistas oferecem, juntas, pouco mais de 18.000 vagas por ano em seus vestibulares.
Além da possibilidade de poder cursar uma faculdade, o bolsista tem outros benefícios no programa: trabalhando com os alunos, ele consegue uma formação extra e isso vai ajudar na vida profissional. Para a escola também é bom, porque as atividades do Escola da Família ocupam o tempo ocioso dos alunos com coisas positivas. Muitos bolsistas, depois de formados, continuam atuando como voluntários.
Um diferencial importante do programa é o fato de o aluno não receber a bolsa como um favor do Estado, mas sim como contrapartida de seu trabalho no Escola da Família, um programa que abre as escolas à comunidade nos finais de semana promovendo atividades culturais, esportivas, de lazer e para a geração de renda. A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo paga 50% da mensalidade do curso superior, até o limite de R$ 267, e a universidade ou faculdade parceira cobre o restante.
A contrapartida é que o bolsista desenvolva atividades de recreação, reforço escolar, esportes e qualificação profissional nas escolas estaduais nos finais de semana. Além de oferecer um espaço de convivência e lazer para a comunidade do entorno escolar, integrando pais, filhos e educadores, o projeto cria oportunidade para milhares de jovens continuarem seus estudos dentro da política pública de inclusão social. Para a maioria dos bolsistas, o programa representa a única oportunidade de acesso ao curso superior.
Soluções deste tipo podem ser colocadas em prática em todo o País. Basta boa vontade, não somente dos governantes, mas principalmente da disposição de educadores e comunidade. As empresas podem participar, as entidades organizadas também. Vamos mobilizar um grande mutirão para que possamos dar mais oportunidades a todas as crianças e todos os jovens. Só assim vamos livrá-los das garras dos traficantes e do degradante mundo da violência. Afinal, manter as escolas abertas nos finais de semana não custa tanto assim. E o benefício é imensurável.
domingo, 23 de maio de 2010
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