Neste país cheio de corrupção e desmandos fica cada vez mais difícil responder essa questão
Quem é pai já deve ter ouvido do filho esta pergunta: “Pai, vale mesmo a pena ser honesto no Brasil?”. O problema é que, da maneira como estão as coisas, fica cada vez mais difícil responder essa questão. Afinal, todos os dias somos bombardeados por notícias de corrupção, desvio de dinheiro público e outros atos desonestos. Até o leite nosso de cada dia está sob suspeita de conter soda cáustica e água oxigenada.
Quando assistimos muitos relatos de desonestidade, corrupção descumprimento da lei e pessoas desonestas e corruptas em função de destaque na sociedade podemos correr o risco de colocar em dúvida a honestidade como valor. Essa dúvida nos salta à mente principalmente depois de um dia estafante de trabalho. Levantamos cedo, trabalhamos o dia todo, a semana todo, o mês todo. Não temos um salário milionário, nem outra forma de ganho que não seja o fruto de nosso duro trabalho. Ao mesmo tempo vemos que a desonestidade, a corrupção, o descumprimento da lei parecem ser coisas “normais” para outras pessoas e até autoridades.
Nestas horas é preciso pensar ainda mais, raciocinar ainda mais, analisar ainda mais sobre o que é a felicidade e quais são os valores que realmente valem a pena para um ser humano.
Na sociedade moderna o dinheiro, os bens materiais, o status acabaram sendo os principais valores. Para conquistá-la o homem moderno não mede as conseqüências. O que vale é ter um carrão, uma bolsa de griffe, uma mansão. Os valores morais, éticos parecem ter sido esquecidos definitivamente.
A pergunta que temos que fazer é se tudo isso tem feito o ser humano mais feliz. Se a violência entre os homens diminuiu. E a resposta parece ser evidente: o homem não é mais feliz quando faz da vida material o seu objetivo maior. Assim é hora de repensar nossos valores e voltar a valorizar os valores morais mais elevados de honestidade, ética, respeito ao outro, polidez, humildade, lealdade, paciência, etc. Milhares de anos de filosofia e mesmo as religiões todas provam que são esses valores que realmente tornam o homem verdadeiramente feliz. Portanto, acredite, vale a pana ser honesto.
PARA PENSAR
1 - Como as pessoas desonestas que têm sido incriminadas na televisão estarão encarando os seus filhos, netos, amigos de infância, vizinhos, etc?
2 - Terão realmente razão as pessoas que dizem que dinheiro é tudo na vida?
3 - Será que alguém precisa de tantos bens matérias para ser feliz a ponto de valer a pena ser desonesto?
4 - Afinal, o que é ser “feliz” para você?
Muitos podem defender a desonestidade com essa frase: “Mas todos fazem assim...”. Ué, mas se todos fazem, por que você fará igual? Seja diferente! O sucesso está em diferenciar-se da multidão. E, para terminar, quero transcrever aqui o texto “Só de Sacanagem”, uma composição de Elisa Lucinda.
Só de Sacanagem
Ana Carolina
Composição: Elisa Lucinda
Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas tera ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar,
Malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro,
Do meu dinheiro, do nosso dinheiro
Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós,
Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais,
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade
E eu não posso mais.
Quantas vezes vezes meu amigo meu rapaz minha confiança vai ser posta a prova, quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis
Existem para aperfeiçoar o aprendiz,
Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros
Venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro,
A luz é simples,
Regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó
E os justos que os precederam:
"Não roubarás",
"Devolva o lápis do coleguinha",
"Esse apontador não é seu, minha filha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar
Até abiascorpus-breventivo coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre qual minha pobre lógica ainda insisti esse é o tipo de beneficio que só o culpado interessara.
Pois bem, se mexeram comigo,
Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
Então agora eu vou sacanear:
Mais honesta ainda eu vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão:
“Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba”
E eu vou dizer:
Não importa, será esse o meu carnaval,
Vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos,
Vamos pagar limpo a quem a gente deve
E receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre,
Ético e o escambau.
Dirão:
"É inútil, todo o mundo aqui é corrupto,
Desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
Eu direi:
Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram?
IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo
Mas, se a gente quiser,
Vai dar para mudar o final!
* Texto publicado originalmente no Informativo "O Farol" da Paróquia São José, Rolândia - PR, em janeiro de 2008
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